segunda-feira, 22 de julho de 2013

Leitura do Dia

O intervalo de Cavaco para ficarmos pior

Daniel Oliveira

1. Cavaco Silva pode ter conseguido mudar a percepção das algumas pessoas sobre esta crise política. O Presidente quase conseguiu fazer esquecer onde começou ela começou: com a demissão de Gaspar e de Portas. Ou seja, dentro da própria maioria. A armadilha que montou ao PS teve como principal efeito coresponsabiliza-lo por algo a que foi alheio. Acenou-lhe com a cenoura de eleições daqui a um ano. Eleições que, a julgar pela sua decisão de ontem, considera, afinal, desnecessárias. E isso foi suficiente para Seguro cair na sua armadilha, sem sequer deixar logo claras quais as condições em que nunca cederia.
2. Cavaco Silva tentou reforçar o seu poder, sendo padrinho de uma charada inútil, que não tinha nenhum dado para que pensasse que poderia ter algum resultado. E garantiu, através de um ralhete inconsequente e de ameaças veladas, a tutela sobre o governo. Ou seja, o Presidente trabalhou para sua própria popularidade, enfraquecendo, assim, ainda mais um governo em decomposição.
3. Alimentando, durante mais de uma semana, este processo, conseguiu, pelo seu desfecho, que a maioria dos comentadores tratou como se fosse resultado de irredutibilidade e falta de patriotismo dos partidos, degradar ainda mais a imagem do sistema político-partidário. Tudo, como se o conteúdo do que se negoceia fosse acessório para o "interesse nacional", desde que se chegue a um acordo qualquer. De que o corte de 4,7 mil milhões de euros nas despesas do Estado, com efeitos catastróficos para a economia, é apenas um de muitos exemplos.
4. Conseguiu instituir a ideia, que sempre lhe foi muito cara, de que a existência de oposição e de alternativas é uma anomalia democrática. Quase uma excentricidade nacional - não tem acompanhado, com certeza, as crises políticas e a curta duração de quase todos os governos de países europeus em crise económica. A sua atitude pouco pedagógica, em relação às vantagens do pluralismo político e da democracia, não espanta. Afinal de contas, este é o homem que considera que duas pessoas de boa-fé, com a mesma informação, só podem chegar a conclusões iguais.
5Prolongou uma crise política por mais 10 dias. Para quem vê como principal impedimento à realização de eleições o clima de incerteza e a instabilidade que criariam, não deixa de ser estranho alimentar estas duas coisas sem que daí saia qualquer clarificação ou ganho para o País. Nem sequer deixou o governo mais forte para o caso improvável deste querer realmente negociar alguma coisa com credores e instituições europeias. Pelo contrário, perante as suas ameaças veladas e a sua tutela, o governo ficou mais fraco.
Resumindo: Cavaco Silva tratou dos seus assuntos, das suas pequenas vinganças, da sua desesperada luta pela popularidade perdida, deixando tudo - o governo, a oposição, a credibilidade da democracia e o País - mais frágil. Nada novo, portanto. Cavaco Silva foi Cavaco Silva


Ler mais: http://expresso.sapo.pt/o-intervalo-de-cavaco-para-ficarmos-pior=f821969#ixzz2Zlb2pRW4

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Reflorescer

La mamma morta m'hanno 
alla porta della stanza mia; 
Moriva e mi salvava! 
poi a notte alta 
io con Bersi errava, 
quando ad un tratto 
un livido bagliore guizza 
e rischiara innanzi a' passi miei 
la cupa via! 
Guardo! 
Bruciava il loco di mia culla! 
Cosi fui sola! 
E intorno il nulla! 
Fame e miseria! 
Il bisogno, il periglio! 
Caddi malata, 
e Bersi, buona e pura, 
di sua bellezza ha fatto un mercato, 
un contratto per me! 
Porto sventura a chi bene mi vuole! 
Fu in quel dolore 
che a me venne l'amor! 
Voce piena d'armonia e dice: 
"Vivi ancora! Io son la vita! 
Ne' miei occhi e il tuo cielo! 
Tu non sei sola! 
Le lacrime tue io le raccolgo! 
Io sto sul tuo cammino e ti sorreggo! 
Sorridi e spera! Io son l'amore! 
Tutto intorno e sangue e fango? 
Io son divino! Io son l'oblio! 
Io sono il dio che sovra il mondo 
scendo da l'empireo, fa della terra 
un ciel! Ah! 
Io son l'amore, io son l'amor, l'amor" 
E l'angelo si accosta, bacia, 
e vi bacia la morte! 
Corpo di moribonda e il corpo mio. 
Prendilo dunque. 
Io son gia morta cosa!



"La mamma morta" , ouvido na Voz de Maria Callas

Uma ária de 1896, cuja personagem, Maddalena di Coigny, filha de uma família nobre conta a Gérard, um dos seus pretendentes, como ela ficou Órfã quando a sua mãe ao tentá-la protege-la dos tumultos da Revolução Francesa.
Nesta passagem ela conta o seu desespero e como quase desistiu de viver quando o ser fiel criado, Bersi, foi forçado a "trocar a sua beleza" para a poder salvar da sua doença.
Após esta chegada ao ponto mais baixo, Maddalena conta que ouviu a "Voz do amos", que lhe prometeu companheirismo e esquecimento dos horrores da Revolução.

A minha pergunta é, quantos de nós conseguiu ter optimismo no futuro e capacidade para se libertar da ira após passar por momentos traumáticos na vida?


quinta-feira, 11 de julho de 2013

Por ti?Tudo...*

Tenho uma proposta a fazer.
No meu entendimento, julgo que só há uma forma de terminar, pelo menos por umas décadas, a instabilidade politica.
A Assembleia da República passa a chamar-se Governo, e a denominação diferente que hoje existe entre partidos converge para Partido Socialista Democrático de Bloco Popular.
Humm? que acham?
Pelo que sei, o Sr. Bolo Rei ia aprovar e a Manelinha podia parar de mentir frisar que teve um momento irónico.

* modo subtil de mandar a malta à m**da.

Music, the Ultimate World Language









Home Decoration

Se estiverem à procura de items de decoração no site da La Redoute não se assustem quando entrarem na secção de casa de banho.

Fica uma amostra:


Sim..é isso mesmo...

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Entre o querer e o ser.

I want to live life, and never be cruel
And I want to live life, and be good to you,
And I want to fly, and never come down,
And live my life, and have friends around

We never change, do we?
No, no.
We never learn, do we?
So I want to live in a wooden house

I want to live life, and always be true
And I want to live life, and be good to you,
And I want to fly, and never come down,
And live my life, and have friends around

We never change, do we?
No, no.
We never learn, do we?
So I want to live in a wooden house
But making more friends would be easy

Oh and I don't have a soul to save,
Yes and I sin every single day.

We never change, do we?
We never learn, do we?

So I want to live in a wooden house,
Making more friends would be easy,
I want to live where the sun comes out

We Never Change - Coldplay

Vamos deitar a cabeça na almofada e dormir profundamente. Sem sonhos, sem ruidos, sem exaltações, sem pensamentos.
Vamos deitar a cabeça na almofada e sentir o cérebro limpo e acordar no dia seguinte regenerados.
Vamos adormecer como um bebe, respirar calmamente, e acordar somente quando o despertador toca.
Vamos aceitar as consequências do nosso feitio e fazer alguma coisa. Vamos entrar no processo de mudança ou aceitarmo-nos como somos, libertamos as culpas e a sede de agradar.
O que somos, o que queremos, quem queremos do nosso lado?
Não vamos fingir, mas vamos respeitar que queiram espaço de nós.

terça-feira, 2 de julho de 2013

Estados d`Alma

Lido assim até aprece nome de restaurante trendy no melhor spot da cidade, ou então um título de um novo Fado, que agora está tão em voga.
De repente todos passamos a adorar tudo o que era popular, são os bairros dos pescadores, das peixeiras de canastra à cabeça, das e dos fadistas e das tascas onde o vinho da casa volta a encher as mesas já atulhadas de mini-pratos ainda com gordura do chouriço assado.
A calçada portuguesa passou a ser o passeio mais maravilhoso que se pode ter, esquecendo-se os saltos presos e as contas semanais em sapateiro, isto quando ainda há remendo.
O cheiro dos assadores na roupa passou a ser tão exclusivo como usar o Chanel no 5 em Paris.
Faz parte, isto é ser-se Lisboeta!
Palavras que saem dos lábios de quem está a comer um Santini enquanto olha para as montras da Gardenia do Chiado.
Somos todos tão IN, e vamos todos nesta competição desenfreada de quem é o Best of the locals.
E pergunto eu, e o que é das pessoas que nunca saíram desses bairros, que se mantiveram nas casas degradadas, cujo senhorio não consegue ter 2 tostões para as recuperar, mas com uma vista para o Tejo de tirar a respiração, Cadê?(sim brasileiro, porque de portugueses temos tão pouco)
E as pessoas que se mantiveram nos bairros mal-afamados e que agora tornaram-se sítios cool para se implantar novos restaurantes e bares, será pela vista? pela calçada? pelo aspecto popular? veja-se não é pelo aspecto pobre, o adjectivo é popular, ou porque de toda a Lisboa estes eram os bairros mais baratos nas rendas, nas obras, no licenciamento? 
Estou contra esta nova tendência?
Nada, acho muito bem, que se revitalize, que se encham as ruas como antigamente, que se saia de casa, que se respire o ar das ruas estreitas construídas desde a permanência arábica em Lisboa, agora...
Agora...
Por favor, não me enganem...
Não me dêem inverdades...
Não me dêem argumentos falsos...
Porque estes bairros ainda só têm a remela tirada do canto do olho, o banho que ainda precisam de levar, senhores..o banho...
Não me digam que é por ser um sitio tão Lisboeta, e nós, todos nós, todos os 15 Milhões de Portugueses e mais os Turista e mais os Imigrantes, somos todos tão Lisboetas e há que gostar do que nós somos, e por isso...Eu, empreendedor com Visão estou a Investir no Local.
Não, não estás a investir no local, estás a escolher dentro do teu reduzido leque, porque o m2 em Lisboa é para lá de caro, e a angariação de €€€ é curta.
Estás a ganhar gosto pelo bairro? Estás a atrair pessoas que até agora tinham medo de entrar, como quem estivesse à beira de um antro de decadência?
Não, não me enganem...
Dêem-me as reais razões. E aí..aí terão a cliente mais leal que alguma vez poderão ter.

Nota para entendimento do post:

Definição de Metáfora -   é a palavra ou expressão que produz sentidos figurados por meio de comparações implícitas. Ela pode dar um duplo sentido a frase.

ou então,


Definição de Alegoria - Figura de estilo complexa, de carácter macro-estrutural, que é constituída por uma sequência continuada de figuras micro-estruturais, baseadas na analogia, que são geralmente metáforas. A alegoria encerra uma comparação alargada entre uma realidade concreta e animada, que é mostrada ao leitor/ouvinte com objectivo de explicar/clarificar uma entidade abstracta 

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