quarta-feira, 24 de abril de 2013

Amanhã é sempre longe demais*

"Dizes-me até amanhã
que tem de ser, que te vais
porque o amanhã, sabes bem
é sempre longe demais "

Resistência

Quantas noites pousamos a cabeça na almofada adiando decisões para o dia seguinte, tendo perfeita consciência que esse adiamento não é mais que um engano, porque no dia seguinte outros assuntos e afazeres diários tomam-nos o dia e este termina novamente e, como um ciclo que nunca é quebrado, lá estamos nós de cabeça deitada na almofada com as insónias a assaltarem-nos.

Decisões...

E quantas vezes não escolhemos caminhos incertos porque, fartos das nossas próprias indecisões, percipitamo-nos, numa tentativa de vã de recuperar o fôlego que ficou retido nas noites infindáveis de adiamentos.

Decisões...

Quantas vezes vamos correr uma maratona com o espírito de corrida de 100 metros de velocidade?

Decisões...

A vida quer-se vivida e raras vezes conseguimos aquele momento de clarividência em que conseguimos delinear um projecto do principio ao fim e com vários planos para cada obstáculo ou intersecção que não contávamos. Mas daí a percorrer uma espiral interminável de visões turvas e caminhos tortuosos...seremos nós os nossos próprios inquisidores?

segunda-feira, 15 de abril de 2013

´Till there, there is no end.

Wake
form your sleep
the drying of your tears
Today
we escape
we escape

Pack
and get dressed
Before
your father hears us
Before
all hell
breaks loose

Breathe
Keep Breathing
Don´t lose
your nerve

Breathe
Keep Breathing
I can´t do this
alone

Sing
us a song
a song to keep
us warm
There´s 
such a chill
such a chill

You can laugh
a spineless laugh
We hope
your reles
and wisdom choke you

Now
we are alone
in everything peace

We hope
That you choke

Radiohead - Exit Music (For a film)

Existem características que nos diferenciam dos restantes seres vivos, curiosidade, consciência, e todo um conjunto de emoções não instintivas ...ou se calhar até são, mas nós conseguimos dar-lhes um nome, adjectiva-las, verbaliza-las. Comunicação. Será a chave da diferença.
Seremos talvez a espécie com maior capacidade de comunicação e que menos a utiliza.
Todos os erros que daí advém são enormes, de tal forma que muitas vezes são irreparáveis.
A distância entre a intenção e a realidade aprofunda-se com o tamanho das meias palavras, dos meios gestos, da vida pela metade.
O não dizer por medo.
Medo.
Quanto medo existe no nosso dia-a-dia?
Por medo nos resguardamos, não nos entregamos, não comunicamos.
Normalmente damos-lhe outro nome...chamamos-lhe precaução. Um adjectivo não tão pungente, suavizando a solidão a que nos remetemos.
E as depressões inundam as relações humanas, o amor é incompreendido, as acções deverão ser sempre analisadas e reanalisadas, porque..bem, porque não existem atitudes desinteresseiras.
A inocência perde-se cedo, o cinismo inunda-nos de tal modo que não sabemos como ser de outra forma, as conversas tornam-se frivolas, e o nosso dia-a-dia torna-se uma gaiola dourada que à mínima queda se parte.
E nisto, onde se escondem os actos momentâneos, aqueles não pensados mas que trazem sorridos, onde andam os pedidos de casamento feitos porque o momento tornou-se n´O momento, sem pensar, simplesmente porque "it felt right".
Onde se escondem os abraços e beijos sentidos, sem razão aparente, só porque o calor daquela pessoa é "tão bom".
Onde se perderam as cartas de amor? as notas e pequenas declarações?
Onde se meteram os confrontos? Onde anda uma boa discussão? daquela que lava a alma mas não apaga a ligação?
Estamos rodeamos de medo, de normas, estamos formatados.


sexta-feira, 12 de abril de 2013

2013 - O ano das certezas religiosas

Senhores e Senhoras,

Atentem bem que o tempo das dúvidas religiosas chegaram ao fim, já não precisam mais de se dirigir à sua igreja mais próxima para pedir orientação quando os tempos são difíceis. Nem acender velas a uma estátua, nem ajoelhar perante um crucifixo.
Este é o ano em que temos Papa Sul-Americano, vinda daquele país em que uma senhora loira (tanto de ADN Sul Americano) veio dar a sopa aos pobres com o dinheiro dos próprios e é também o ano em que surge um novo Messias.

Ou então é a encarnação de Deus.

Desta Vez não tem cabelo loiro e olhos azuis, nem tão pouco é um Hot Jesus.

Não, meus senhores e minhas senhoras apresento-vos alguém que foi ferido mortalmente pelas tropas portuguesas e que está cá entro nós para desempenhar o seu papel de Governador.

O nosso Jesus dos tempos modernos...o senhor Mawete João Baptista.

Vejam que poético que é...o excelentíssimo ferido mortalmente que está vivo tem como apelido Baptista!!

Mais provas e elas aí estão.

Salvé..muitos Salvé..que isto é divindade pura.

Uma questão? também demorou 3 dias a ressuscitar?

e neste caso seremos nós, os Portugueses, os Judeus da actualidade?

Se sim, já era tempo de sermos semelhantes noutros pontos, como no €€€ dentro dos nossos cofres, parecendo que não há aí uma dividazinha a pagar.....

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Apesar do meu divórcio com a música brasileira...

...existem clássicos, sim na minha opinião Djavan já é uma antiguidade, a serem recordados:


Você disse que não sabe se não
Mas também não tem certeza que sim
Quer saber?
Quando é assim
Deixa vir do coração
Você sabe que eu só penso em você
Você diz que vive pensando em mim
Pode ser
Se é assim
Você tem que largar a mão do não
Soltar essa louca, arder de paixão
Não há como doer pra decidir
Só dizer sim ou não
Mas você adora um se...

Eu levo a sério, mas você disfarça
Você me diz à beça e eu nessa de horror
E me remete ao frio que vem lá do sul
Insiste em zero a zero e eu quero um a um
Sei lá o que te dá que não quer meu calor
São jorge por favor me empresta o dragão
Mais fácil aprender japonês em braile
Do que você decidir se dá ou não

Djavan - Se

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Concordo

Tenho muito medo de pessoas ultra-motivadas. Muito. Aquelas que têm agendas (electrónicas, de preferência), que fazem plannings, que sabem gerir as prioridades, que as fintam e perseguem por entre horários intensos, entre as exigências profissionais, pessoais e familiares. Essas pessoas intimidam-me: quando vejo uma, mudo de passeio. Tenho medo que me roubem o ócio e o deitem no lixo. Que me enxovalhem o anhanço, me amesquinhem a languidez. Depois, quando elas já lá estão, longe, numa atitude muito madura, faço troça. Troço muito das pessoas motivadas, sempre aos pulinhos, sempre carregadas de energias positivas!, que dão atenção a tudo e todos sem se esquecer de si mesmas!, plenas de alimentação saudável!, que ingerem as suas vitaminas!, dizem não ao supérfluo e que os adormece!, como doces e farinhas. Hum, doces e farinhas. Hummm, farinhas doces...


Ora nem mais..Izzie tou contigo!!!

O caso do Momento

O simples facto do odiado Miguel Relvas ter-se demitido em vez de ter sido demitido é para mim escandaloso.

Até pode ter tomado essa decisão pressionado por entidades várias, mas foquemo-nos nisto...Apesar de toda a borrada feita, apesar de ter prestado declarações falsas, apesar de ter conseguido um titulo académico sem nunca ter terminado a Licenciatura, apesar das pressões aos jornalistas para artigos de campanha, apesar de tudo isso o Exmo. Sr. Miguel Relvas não foi demitido.
Não, por contrário,  foi-lhe antes dada a oportunidade de se  demitir, portanto ele não foi responsabilizado por todos os ataques à suposta democracia em que vivemos. Não. Decidiu-se deixar ao critério da sua consciência o acto de sair da actividade governativa deste País.
E isso, a mim, não me deixa feliz, não me faz aplaudir o acto, não me põe a dar pulos de alegria pela blogosfera e facebook fora como temos visto.

O que está a acontecer a este País, tão bem representado neste acto, simplesmente deprime-me e faz-me acreditar que a farsa está a terminar.
Ao que parece, nunca  tivemos neste País uma democracia.

LinkWithin

Related Posts with Thumbnails