“Existe uma lenda acerca de um pássaro que só canta uma vez na vida, com mais suavidade que qualquer outra criatura sobre a terra. A partir do momento em que deixa o ninho, começa a procurar um espinheiro-alvar e só descansa quando o encontra. Depois, cantando entre os galhos selvagens, empala-se no acúleo mais agudo e mais comprido. E, morrendo, sublima a própria agonia e despede um canto mais belo que o da cotovia e o do rouxinol. Um canto superlativo, cujo preço é a existência. Mas o mundo inteiro pára para ouvi-lo, e Deus sorri no céu. Pois o melhor só se adquire à custa de um grande sofrimento... "
Pássaros Feridos - Colleen McCullough
Este livro encantou-me, não só pela estória romântica entre Maggie e Ralph, sim os amores impossíveis são sempre fascinantes, mas também por todas as mensagens subliminares que o livro apresenta.
A ideia de que só o que é realmente sofrido é melhor apreciado, só o que nos exige um esforço transcendente, só o que nos parece impossível alcançar é apreciado, verdadeiramente saboreado.
E pondo-me a pensar nisto não deixo de dar razão. Tudo o que é conseguido demasiado depressa, sem esforço, sem grande vontade é esquecido. Deve ser por isso que os nossos piores momentos são aqueles que nunca esquecemos, talvez mais do que os melhores, infelizmente temos esta tendência para sobre avaliar os maus e minimizar os bons.
Julgo que no amor passa-se o mesmo...
A paixão é rápida, intensa, desgastante até, mas se não passar ao nível seguinte rapidamente é esquecida e trocada por outra. Agora o amor...uiii..esse força-nos a uma introspecção, a uma análise profunda de nós mesmos. Só conhecendo-me consigo amar alguém, saber o que aceito, o que gosto, saber decifrar entre o defeito e o feitio, e para amar alguém, para verdadeiramente sentir a necessidade da partilha é necessário aceitar os feitios de ambos...
Não é fácil, mas também ninguém disse que era...
Mas lá está por todo o caminho que percorri eu agora descaso, pois encontrei o meu espinheiro-alvar:)
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