quarta-feira, 26 de setembro de 2012

O fado incorporado na pele

Hoje demorei 10 min a fazer 10 metros. Ergui a cabeça para tentar perceber onde estava o acidente, nada. Procurei placas informativas, nada. Peguei no telemóvel e investiguei nos canais de trânsito, nada.
Mas que raio?!?!
Porque é que está tudo parado?
De repente, tudo fluí, ora se é uma via rápida, não há sinais porque é que tudo anda miraculosamente?
Voltei a procurar o acidente, nada.
Mas eis que viro a cabeça para a direita e estava um carro da polícia na berma.
Ahhh...a malta panicou...

Incrível o sentimento que ainda, e sublinho e coloco a negrito o ainda, persiste nas pessoas.
Estão a conduzir, mas se a polícia está presente tudo fica cheio de medo de ser mandado parar e ser fiscalizado, bonito como hoje em dia somos fiscalizados sem motivos aparentes...não há violações ou infracções na condução mas como estamos mais à mão "ora faz favor de parar e mostrar documentos" e nisto, porque o sentido é paga primeiro e refila depois, e é um refilar que leva muito tempo  tanto que a malta desiste de o fazer.
O medo instala-se, cruz credo mal tenho €€€ para ir trabalhar se agora lá me encontram alguma tecnocracia para ser multado como é que faço para o resto do mês?!?!
Fora o €€€ perdido em filas de trânsito existentes sem motivo, a quebra da produtividade diária por se chegar ao emprego cansado, stressado, preocupado, F**lixado.

Hoje somos fiscalizados por tudo e por nada, é porque o pão não está resguardado numa cabine, porque se abriu um paté e não tem a etiqueta a registar esse momento, é porque é obrigatório usar o produto XPTO para limpar as casas-de-banho em vez do produto OTPX...e nisto morre a economia, morre a vontade de ser empreendedor, morre a dedicação, morre o entusiasmo...sobrevive-se a um dia de cada vez, as depressões aumentam, os casos clínicos de doenças fiscais aumentam, e todos os custos para a sociedade e, novamente, para as contas públicas, aumentam. Mas, quem é que quer saber?

Hoje continuamos a viver num País pidesco, sem sentido de bem público e bem-estar social. Não interessa observar e responsabilizar as infracções que se cometem diante dos nossos olhos, interessa entrar pela casa das pessoas a dentro, pegar numa delas e abaná-las até mostrarem e dizerem o que se quer ouvir.
Foi assim com a Inquisição...
Foi assim com Marquês de Pombal...
Foi assim com a Implantação da República
Foi assim com o Estado Novo...
E é assim hoje nesta Democracia aparente...

Ahh e ai de mim que entre as despesas com sitio para viver, para comer, para acesso a electricidade, luz e gás, além das contribuições para impostos, ele é rendimento singular, ele é valor acrescentado, ele é selo e se bobear...sei lá o que vem aí, mas dizia eu aí de mim que não poupe 1 cêntimo, sou logo catalogada como despesista.

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