O olhar perdia-se no horizonte dos prédios que via da sua janela, café quente na mão, numa tentativa vã de sentir menos frio e tudo o que pensava era na a sua história de amor que deveria durar para sempre, mas este inverno tinha sido demasiado rigoroso.
A sua história de amor deveria ter durado para sempre, esse era o plano, era a sua promessa, mas as temperaturas frias desta estação tinham gelado o coração do seu amor e ali ficou, com uma casa sem telhado que o vento arrancou.
E a chuva caía no seu rosto e gelava, um gelo que só derreteria com o amor da sua amada.
Sim, a sua história de amor deveria ter durado para sempre e, na tentativa de precipitar a Primavera entregou o seu coração a ela, não caramba, entregou o seu coração a Ela! acatando as decisões , mesmo sabendo que o iriam condenar a uma morte, lenta e dolorosa.
O horizonte mantinha-se intacto, o café esfriava, mas não o sentia, porque nada o conseguia aquecer. Tinha usurpado todo o amor noutros Invernos e nada sobrou para enfrentar este, que agora, dizem, já acabou.
Como é que um amor que deveria ter durado para sempre, que deveria ser contado numa fotografia de mãos dadas e enrugadas, a preto e branco, porque o amor tem de ser vivido a preto e branco e experienciado a vermelho e rosa, está a ser vivido a tons de azul.
Enquanto bebia o resto do café e se afastava da janela pensava, o nosso amor deveria ter durado para sempre em vez de ficar cristalizado no passado.
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