terça-feira, 5 de março de 2013

Quando os números são letras

Com a crise instalada no País, e as discussões acesas sobre os cortes nos vários segmentos são várias, as opiniões circulam.
Seja da população em geral, seja dos media, dos próprios governantes ou das chamadas elites sociais, que na minha modesta opinião não se podem marcar com esse adjectivo.
O que mais me aflige nos debates dos cortes públicos é a falta de consideração que, uma balança tem dois pratos, que os problemas e as suas soluções não podem ser vistas por lados extremos...do género: ou estou a favor ou estou contra..há sempre O depende...e não, não se pode e, será catastrófico se se aplicar uma mesma solução quando o tema é geral, mas as especificidades não o são.. Apesar de estar sobre um grande chapéu-de-chuva, nunca consigo ficar integralmente seca, há um vento que sopra de um lado e outra corrente que sopra de outro.
Ora, especificando...os cortes das pensões...
Muita discussão, Muito debate e muita indignação, justa (e ponto final parágrafo)
Agora, problema: é preciso cortar na despesa do Estado e uma das suas rubricas são as pensões. Solução: cortas as pensões.
O que eu oiço?
De um lado um Não, do tamanho da eternidade, e do outro argumentos como "as pensões são acima do que se descontou, portanto têm de ser cortadas" (apesar das aspas julgo que não é contextual).
Ora, ambos têm razão. (ponto final parágrafo)
Se é verdade que pessoas houveram, nomeadamente os deputados da Assembleia da República  que não descontaram para os níveis de pensões que auferem também é verdade que muitas pessoas descontaram no seu vencimento 14 meses para segurança social e não 12, sim 14, uma diferençazinha de 2 meses que tem impacto!!!
É verdade que muitos dos pensionistas são antigos agricultores e que nunca apresentaram de declarações de rendimentos,
É verdade que muitos pensionistas viveram grande parte da sua vida activa nas ex-colónias e com o 25 de Abril, a Metrópole abriu as portas a todos estes Portugueses, porque, lá está, são e eram-no na altura da descolonização.
É verdade que a politica de Estado Social implica a distribuição de pensões por invalidez, doença ou exclusão social que, por vezes, até são pessoas que poderiam estar a trabalhar e descontar em actividades que se adaptassem ás suas condições e não o estão.
E tudo isso é um fatia enorme na despesa da Segurança Social, e tudo isso implica que, sem renovação de gerações e com as poucas que existem a emigrar, a própria Segurança Social esteja nas lonas e sem dinheiro (claro que não vamos falar noutros factores, como o desvio dos valores para obras públicas e afins).
Mas também é verdade que há uma grande parte da população que descontou para ter direito à sua pensão, e descontou de acordo com umas regras do jogo e que mudaram agora em benefício desse Monstro das Bolachas chamado Estado o que é, no mínimo  uma desconsideração. E deve-se lutar, lutar para não se terminar em pobreza depois de uma vida de trabalho e descontos.

Outra das indignações que presencio são os valores das pensões, sim existem pessoas que recebem cerca de €300 mensais, e sejamos justos, não dá quase para a electricidade aos níveis que estamos actualmente, mas e eu pergunto: Houve descontos para muito mais? é que o problema é que as pessoas podem ter trabalhado uma vida inteira e não ter no fim da vida activa o equivalente, e o fosso alarga-se quando outros antigos trabalhadores também não descontaram o equivalente para receber €5.000 de pensão. Aí sim está a injustiça contra a qual é necessário lutar.
Agora, não me venham com indignações se alguém, do sector privado, empreendedor e gerador de riqueza no País e criador de emprego, até podem ser empregos precários  mas que na sua vida activa investiu na Economia do País e por acaso (ou não até pode ter sido muito beneficiado por acordos com o Estado) auferem uma pensão de milhares de euros. É justo? na minha opinião? É....se descontou para tal, É. (ponto final paragrafo)
Ahh e tal..mas a pensão média são €1.000 (julgo que é um pouco inferior), e o individuo recebe milhares de euros, pois...eu também queria, mas infelizmente não consigo criar rendimentos para descontar nesses níveis  portanto quando chegar a minha vez de ter uma pensão...olha...nem existirá, isso sim é uma injustiça..porque eu descontei para outros que não o fizeram receberem a sua pensão.
O modelo leva tempo a ajustar, tempo esse que dilatará se continuarmos nesta politica de fazer emigrar a população jovem activa, aquela que realmente pode equilibrar as finanças do País. E é injusto para os que hoje ou amanhã não recebem e descontaram, agora para os outros..para os outros haver cortes é justo..e deveria haver uma dualidade de critérios no corte de pensões, e deveria haver um debate sério sobre este tema e, infelizmente, não há. (ponto final parágrafo)


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