terça-feira, 2 de julho de 2013

Estados d`Alma

Lido assim até aprece nome de restaurante trendy no melhor spot da cidade, ou então um título de um novo Fado, que agora está tão em voga.
De repente todos passamos a adorar tudo o que era popular, são os bairros dos pescadores, das peixeiras de canastra à cabeça, das e dos fadistas e das tascas onde o vinho da casa volta a encher as mesas já atulhadas de mini-pratos ainda com gordura do chouriço assado.
A calçada portuguesa passou a ser o passeio mais maravilhoso que se pode ter, esquecendo-se os saltos presos e as contas semanais em sapateiro, isto quando ainda há remendo.
O cheiro dos assadores na roupa passou a ser tão exclusivo como usar o Chanel no 5 em Paris.
Faz parte, isto é ser-se Lisboeta!
Palavras que saem dos lábios de quem está a comer um Santini enquanto olha para as montras da Gardenia do Chiado.
Somos todos tão IN, e vamos todos nesta competição desenfreada de quem é o Best of the locals.
E pergunto eu, e o que é das pessoas que nunca saíram desses bairros, que se mantiveram nas casas degradadas, cujo senhorio não consegue ter 2 tostões para as recuperar, mas com uma vista para o Tejo de tirar a respiração, Cadê?(sim brasileiro, porque de portugueses temos tão pouco)
E as pessoas que se mantiveram nos bairros mal-afamados e que agora tornaram-se sítios cool para se implantar novos restaurantes e bares, será pela vista? pela calçada? pelo aspecto popular? veja-se não é pelo aspecto pobre, o adjectivo é popular, ou porque de toda a Lisboa estes eram os bairros mais baratos nas rendas, nas obras, no licenciamento? 
Estou contra esta nova tendência?
Nada, acho muito bem, que se revitalize, que se encham as ruas como antigamente, que se saia de casa, que se respire o ar das ruas estreitas construídas desde a permanência arábica em Lisboa, agora...
Agora...
Por favor, não me enganem...
Não me dêem inverdades...
Não me dêem argumentos falsos...
Porque estes bairros ainda só têm a remela tirada do canto do olho, o banho que ainda precisam de levar, senhores..o banho...
Não me digam que é por ser um sitio tão Lisboeta, e nós, todos nós, todos os 15 Milhões de Portugueses e mais os Turista e mais os Imigrantes, somos todos tão Lisboetas e há que gostar do que nós somos, e por isso...Eu, empreendedor com Visão estou a Investir no Local.
Não, não estás a investir no local, estás a escolher dentro do teu reduzido leque, porque o m2 em Lisboa é para lá de caro, e a angariação de €€€ é curta.
Estás a ganhar gosto pelo bairro? Estás a atrair pessoas que até agora tinham medo de entrar, como quem estivesse à beira de um antro de decadência?
Não, não me enganem...
Dêem-me as reais razões. E aí..aí terão a cliente mais leal que alguma vez poderão ter.

Nota para entendimento do post:

Definição de Metáfora -   é a palavra ou expressão que produz sentidos figurados por meio de comparações implícitas. Ela pode dar um duplo sentido a frase.

ou então,


Definição de Alegoria - Figura de estilo complexa, de carácter macro-estrutural, que é constituída por uma sequência continuada de figuras micro-estruturais, baseadas na analogia, que são geralmente metáforas. A alegoria encerra uma comparação alargada entre uma realidade concreta e animada, que é mostrada ao leitor/ouvinte com objectivo de explicar/clarificar uma entidade abstracta 

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